Sábado.
Atravessei a rua em direcção ao café, peguei na NS, procurei a costumeira crónica do Joel Neto e nada. Férias.
Resignado desfolhei a bola e detive-me na crónica de Ricardo Araújo Pereira.
Bem escrita, como sempre, mas desta vez com um toque sério. Não era para menos.
O chorrilho de mentiras com que MST nos presenteou na última "Nortada" não dá vontade de rir.
A desonestidade intelectual com que nos vai presenteando sempre que fala de futebol não tem piada.
Dá pena. E revela um complexo de inferioridade deprimente.
Que o Porto não merece.
O Porto tem méritos mais do que suficientes para se afirmar como um grande clube.
Sem precisar de teorias da conspiração, manias da perseguição e de grandes planos maquiavélicos para explicar os seus insucessos.
Que nem insucessos são, pois como MST diz numa das poucas coisas correctas que encontro na sua crónica, o Porto áinda não perdeu nenhuma das competições em que está envolvido.
Por isso me espanta tanto histerismo só porque o Benfica joga futebol como há muito não se via.
Tanto pânico só porque o Benfica está confortavelmente à frente do Porto, como há muito não me lembro.
E tanto desnorte só porque há uma forte possibilidade de o Porto terminar a Liga em 3º lugar.
Fora da Champiuons League.
Acontece, meus amigos.
O futebol é assim.
E só quem o sabe aceitar com lisura pode ser verdadeiramente grande
O Porto será grande quando olhar mais para si e menos para o Sul.
Será grande quando perceber que ultrapassou os limites da circunvalação.
Quando se deixar de bairrismos bacocos, de regionalismos tontos.
Quando souber perder da mesma forma que sabe ganhar.
Quando no Dragão os cânticos de insultos ao SLB derem lugar a louvores aos azuis-e-brancos.
Quando não precisar de opinion-makers raivosos e dirigentes boçais.
Até lá será apenas um clube regional com grandes resultados.
É pouco.
E é pena.
Pedro Rui
Senhora da Hora, 20 de Fevereiro de 2010