segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A expulsão de Reyes

Não raras vezes, a arte imita a vida.
O futebol, como arte não é excepção.
E o que se passou ontem, no D. Afonso Henriques, é disso um bom exemplo.
Quando as coisas parecem correr bem, a rotina encontra terreno fértil.
E cresce fazendo tudo parecer imutável, inevitável.
Floresce a preguiça que nos impele a não pensar muito.
O mais cómodo é seguir o caminho sem grande alarido.
Ganhar ao Guimarães por 2-0, num jogo que se antevia difícil é um incentivo à preguiça.
E é fácil sucumbir ás mãos do hábito. Demasiadamente fácil.
Mas, quando temos sorte, surge um qualquer acontecimento inesperado, sacudindo o marasmo, agitando as águas.
Uma expulsão, temperada com uma pitada de injustiça, que nos deixa em inferioridade.
A resistência à mudança, insuportavelmente humana, depressa a rotula de adversidade.
Ou mesmo de catástrofe.
Esbracejamos, o que só contribui para nos afundarmos na areia movediça.
Mas, se pararmos um pouco, a clarividência acode-nos.
E, se houver vontade, surge então a reacção.
Se o que ficou escondido por debaixo da rotina tiver qualidade, se o que esquecemos, adormecido valer apena, a reflexão trará clareza.
E, com clareza, o jogo está ganho.
Cada movimento é então cuidadosamente pensado.
Cada jogada é encarada como decisiva, e é imaginada como tal.
Cada passe é estudado à luz das suas consequências.
Passamos a olhar para todo o campo, quando antes não vislumbrávamos mais do que um pequeno pormenor.
E o resultado surge, não imediata mas inevitavelmente.
E o resultado é segurança e crescimento. Amadurecimento e sucesso.
Que será tão longo e duradouro quanto maior for a distância a que a rotina for mantida.
É assim na vida.
E se assim for no futebol, o Benfica regressou de Guimarães infinitamente mais maduro.
Mais campeão.

(Para a Ana, que me entende melhor que ninguém)

Pedro Rui

1 comentário:

Unknown disse...

Campeão quem o SLB ganha juizo pois sabes que o poderão ser mas só de Inverno neste caso é a vossa prenda de Natal. Abraço MM