segunda-feira, 24 de agosto de 2009

normalidade

E eis que, à segunda jornada da Liga Sagres, a normalidade se instala.
O Sporting perde, o Benfica ganha in-extremis, o Porto goleia sabe-se lá como...
Deste lado do Atlântico, também o futebol mineiro parece quere retomar o seu natural rumo, para desgraça minha.
Depois de ter passado 8 jornadas em 1º lugar, o Atlético soma desaires consecutivos que o vão remetendo para meio da tabela.
Onde deverá acabar o Brasileirão.
E onde encontrará certamente o Cruzeiro, que depois de um início desastroso, vai agora conseguindo vitórias importantes que lhe permitiram já sair da zona de rebaixamento.
Felizmente temos o América, de regresso à Série B.
América que vi, com sincera emoção, ganhar ao Brasil de Pelotas por 3-1, em pleno Indepêndencia.
E esse meu regresso ao Horto, 4 anos depois da minha última visita, foi particularmente feliz.
Porque encontrei a mesma torcida de sempre,desta vez alegre, feliz e ansiosa. Porque ao contrário da fase descendente que o América enfrentava em 2005, o tempo é agora de subida, de reconstrução.
Mas continua coerente como poucas, unida como raras.
Tolerante como deve ser.
Insultando educadamente os torcedores rubros do Rio Grande do Sul que se aventuravam sem medo no meio desse mar verde que cobria a rua.
Porque há que respeitar o esforço de quem enfrentou uma viagem de mais 36h de autocarro para ver a sua equipa jogar. E perder.
Tomando cerveja em bares improvisados em quintais.
Repartindo-a, pois assim exige a generosa dimensão das garrafas.
Dentro do estádio, que há muito não via 10.000 espectadores nas bancadas, a sensação é a de estar em família. Entre amigos. Entre Belorizontinos tradicionais, que gostam da cidade, que gostam dos bairros.
Onde reina a tranquilidade apesar da ansiedade inerente ao jogo.
Onde a conversa corre solta, onde se tratam os jogadores por tu.
E foi com incontida emoção que vi o primeiro golo do Coelho, daqueles que só no futebol Brasileiro se permite. Em que o atacante, em vez da eficácia do golo, preferiu o espectáculo, ao driblar o goleiro, pavoneando-se depois sobre a linha de golo.
Ironicamente foi esse desejo de espectáculo que poderia ter condenado o América a mais um ano de Série C.
Que em busca de obras de arte, levou ao desperdício golos irritantemente fáceis que matariam o jogo.
Antes do empate dos Gaúchos.
Foi depois preciso esforço e determinação para voltar a marcar.
E festejar o regresso do Coelho.
Com cerveja e pão com linguíça. Deliciosa iguaria rivaliza com o feijão tropeiro do Mineirão.
E que me fará voltar em 2011.
Com o América a disputar então a subida à Série A, quem sabe...
Porque o Coelhão está de volta!
Venha para já o título da Série C.
Belo Horizonte, 24 de Agosto de 2009

4 comentários:

Anónimo disse...

Pois, pois alegra-te por aí que por cá o teu benfica só lá vai com velinhas a nossa senhora de fátima ...
Pode ser que os novos brasileiros e argentinos desta éopca atinem ...
Pelo menos o Cardoso e o Ramirez saltam mais um palmo que os defesas. Não sei é se lhes darão muitas oportunidades de saltar ....

Um abraço,

Nuno

Unknown disse...

Olá Pedro tudo bem ?
Gostei da forma como descreveu nosso gigante do horto ( Independencia) e como sofremos juntos com aquele empate .
Porém ,como disse , em 2001 estaremos novamente juntos a caminho da séria A .
Por aí , será que o Ramires não vai ajudar ?
Parabéns pelo texto . ficou muito bom .
Um abraço , Rodrigo Domingues

Anónimo disse...

Ah...
Isso me faz lembrar uma entrevista feita com um grupo de torcedores irlandeses na Copa do Mundo (não me pergunte qual...), antes da surpreendente vitória do time sobre a Itália. Quando perguntaram pro pessoal o que eles esperavam do jogo, um torcedor levantou seu copo de Guinness e respondeu no maior entusiasmo: "Win or lose, we're here for the booze!". Esse é o espírito!!!
bjk
Mônica

pedro.rui disse...

Mónica,
Os irlandeses estão certos, esse é o espírito da coisa!
No meu caso, diria:
"Galo ou Raposa não importa não,
O que eu quero é o tropeiro do Mineirão..."
Bj, Pedro